Música na luz da escrita

João Marcos Coelho - O Estado de S.Paulo

Beethoven's Shadow, de Jonathan Biss, ilumina as sonatas do mestre alemão 

Se a escrita é inteligente, honesta e ardente, pode produzir uma faísca que transforma o leitor em ouvinte, ou mesmo o ouvinte passivo em um mais ativo. Este é o eixo de um projeto originalíssimo do pianista norte-americano Jonathan Biss. Aos 31 anos, ele criou duas frentes de aproximação ao monumento das 32 sonatas para piano de Beethoven: pilota um Steinway de concerto e maneja as palavras. Simultaneamente, publica Beethoven's Shadow (Rosetta Books) e lança o primeiro CD de uma integral das sonatas (Onyx).
O ensaio é quase uma autobiografia pianística, desde os 13 anos, quando tocou diante de Leon Fleisher no Peabody Institute, em Baltimore, até a devoção fanática que dedica a princípios seguidos por dois dos maiores pianistas do século passado: Arthur Schnabel e Rudolf Serkin.
Consciente da dupla ousadia e escrevendo/tocando de modo notável, Biss decidiu dedicar "a vida inteira" a esta música "sem esperar entendê-la de modo absoluto". E confessa, tirando sua força do paradoxo, que "as qualidades que me levam a escrever sobre esta música são as que tornam impossível escrever sobre ela". Constrói, assim, um raro círculo virtuoso: a escrita ilumina a música que ilumina a escrita.
JOÃO MARCOS COELHO É JORNALISTA, CRÍTICO MUSICAL, AUTOR DE NO CALOR DA , HORA (ALGOL), ENTRE OUTRAS OBRAS



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