Orquestras tocam obras produzidas sob encomenda por compositores brasileiros
ROBERTO KAZ
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
No último domingo, a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo tocou o "Concertino para Trompete e Cordas", de Nailor "Proveta" Azevedo, líder da Banda Mantiqueira.
A peça havia sido encomendada um ano atrás por Arthur Nestrovski, diretor artístico da Osesp. "Arthur me pediu algo para trompete, aos moldes do que o Radamés Gnattali [1906 -1988] havia feito para saxofone", disse Proveta. "Fiquei quatro meses trabalhando nisso."
Não se tratava de exemplo único. Em 2012, a Osesp estreou --ou estreará-- obras de outros quatro compositores brasileiros, que incluem Edino Krieger e Edu Lobo.
No Rio de Janeiro, situação parecida: a Orquestra Sinfônica Brasileira pediu um concerto para violão e bandolim a Yamandu Costa e Hamilton de Holanda. Em Belo Horizonte, a Filarmônica de Minas Gerais tocará uma peça inédita de Sérgio Rodrigo.
Moacyr Lopes Junior/Folhapress

Compositor Nailor "Proveta" Azevedo, antes do ensaio da Osep, na Sala São Paulo, no centro da cidade.
A Folha procurou compositores que tiveram obras encomendadas para saber como arquitetam um concerto, quanto recebem e qual é a importância de ter, no currículo, uma peça interpretada por uma grande orquestra.
Felipe Lara, 32, vai receber R$ 12 mil da Osesp para transformar em música o texto "Ó", do artista Nuno Ramos. Ele julga a quantia baixa se comparada ao tempo empenhado no trabalho. "Mas seria impossível negar um convite desses", explica.
Radicado nos Estados Unidos, Lara começou a escrever o concerto --para dois coros, duas guitarras, harpa e orquestra de câmara-- há sete meses. "Estou na metade", diz. A peça terá 15 minutos.
O cantor Kristoff Silva, 38, criou seis peças para o quarteto de cordas da Osesp. Serão tocadas em junho, acompanhadas dele mesmo ao vocal. "Compus a partir das letras", disse. Receberá "entre R$ 5 mil e R$ 10 mil", a depender do lucro posterior com a venda de partituras.
Nos Estados Unidos, de acordo com a tabela da associação "Meet the Composers" [conheça os compositores], uma encomenda pode custar até US$ 90 mil (R$ 140 mil), dependendo do tamanho da música e da orquestra.
No Brasil, os valores são modestos. Arthur Nestrovski diz que, para o compositor, ter uma peça encomendada pela Osesp funciona como uma vitrine: "Isso entra na conta de quanto pagamos".
FOLHA.Com-Ilustrada
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