Big Bands Formam "manada" Paulistana

Movimento Elefantes reúne 9 grupos instrumentais - e 104 artistas no total

Filipe Vilicic

Foi do batidíssimo mote "a união faz a força" que surgiu o Movimento Elefantes. Em fevereiro, o contrabaixista Vinicius Pereira, líder da banda Projeto Coisa Fina, teve a ideia de juntar big bands paulistanas com temas instrumentais para ganhar público e espaço em casas de shows. "Sozinhos não fazíamos sucesso e acabávamos tocando para meia dúzia de gatos pingados em locais sem infraestrutura adequada", lembra Pereira. "Pensei: podemos nos reunir em torno de um mesmo nome para trocar experiências, aumentar a divulgação de cada conjunto..." Digite o resto do post aqui E deu certo. Em oito meses, o Elefantes, composto por nove bandas com pouca repercussão no mercado, lançou um DVD e faz ao menos dois shows semanais com público médio de cem pessoas. "O bom é que quando um cara gosta de uma das big bands procura conhecer as outras. Assim, o fã de um de nós vira fã de todos", diz Pereira.

O sucesso foi novidade para a maioria dos integrantes. Bandas instrumentais não costumam ter muito espaço na cena paulistana. Formada em 1974 e especializada em jazz, a Jazzco, por exemplo, não conseguiu lançar um CD em seus 35 anos de existência. Já a Reteté Big Band, criada em 2004, tinha a agenda vazia, com shows de três em três meses. "O tipo de som que tocamos raramente vinga no Brasil", lamenta o contrabaixista Amador Bueno, um dos fundadores da Jazzco. "Falta público que goste e consuma música instrumental."

Depois de entrar para o Elefantes, porém, a Jazzco gravou seu disco, que deve ser lançado no ano que vem, e a Reteté tem feito ao menos três apresentações mensais.

A ideia do Movimento Elefantes, de unir bandas instrumentais para buscar fama, é cópia de uma iniciativa parecida vista pelo contrabaixista Pereira em uma temporada que passou em Caracas, capital da Venezuela. Lá, ele tocou durante quase um mês com os músicos do Movida Acústica Urbana (MAU), projeto que une big bands locais. "No pouco tempo em que estive com os venezuelanos, fiz seis shows e participei de 22 reportagens", conta Pereira. "Na hora veio à cabeça: poxa, por que em São Paulo não há essa visibilidade para a música instrumental?"

Quando voltou à capital paulista, ele reuniu sua banda, a Coisa Fina, com outras duas, a Projeto Meretrio e a Urbana, e propôs que, como os venezuelanos, se unissem. Assim surgiu o Elefantes. O nome foi escolhido porque combina com o tamanho dos grupos - o menor dos conjuntos conta com nove músicos.

Desde então, seis grupos se associaram ao movimento. Hoje, a iniciativa reúne 104 artistas de nove big bands. Cada conjunto tem ao menos seis metais e só um deles, o HeartBreakers, usa vocais em suas canções. O estilo predominante é o jazz, mas as influências incluem também samba, maracatu, MPB. Dentre os músicos, há tanto garotos de 20 e poucos anos quanto senhores com mais de 50. A maioria deles tem formação superior em Música Popular. "Além de crescer comercialmente, aprendemos e melhoramos nosso trabalho trocando experiências", afirma o guitarrista Emiliano Sampaio, do Meretrio, que tem 24 anos, é formado em Música Popular pela Unicamp e conclui seu mestrado no mesmo curso.

SHOWS

Em oito meses de existência, o Elefantes conquistou residência semanal em dois pontos da cidade. Às segundas, duas bandas do movimento agitam o Teatro da Vila (Rua Jericó, 256, Vila Madalena). Amanhã, sobem ao palco o Coisa Fina e o Meretrio. Nesse dia, a entrada é gratuita. Às terças, um dos Elefantes toca no New Jazz Bar (Rua João Moura, 739, Pinheiros). O ingresso sai por R$ 5.

Nas apresentações, os grupos também costumam distribuir, gratuitamente, o DVD do conjunto, lançado no mês passado. Intitulado Bandas de Sopro em Movimento, o trabalho reúne um clipe de cada uma das nove big bands. "Até o ano que vem, queremos que todos os integrantes tenham um CD no mercado", afirma o contrabaixista Pereira. "Pretendemos formar público para a música instrumental e tornar nosso trabalho rentável."

Publicado no Caderno Metropole 11/10/2009
www.estadao.com.br

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