O Ouro de Mehmari

Músico de Ribeirão Preto lança CD em homenagem a um dos maiores compositores brasileiros: Ernesto Nazareth


Divulgação
Radicado em São Paulo, André Mehmari gravou ‘Ouro Sobre o Azul’ em apenas três dias, em seu estúdio, que fica na Serra da Cantareira (Foto: Divulgação)
Antes de despencar de uma cachoeira, doente e enlouquecido, Ernesto Nazareth (1864-1932) deixou uma obra ampla e inesquecível para o cancioneiro nacional. No currículo, composições como “Odeon”, “Fon-Fon”, “Reboliço”, “Brejeiro”, “Pássaros em festa” e “Ouro Sobre o Azul”. Esta última dá nome ao novo disco de André Mehmari, um dos compositores e arranjadores mais prolíficos da música instrumental brasileira.
Nascido em Niterói, mas criado em Ribeirão Preto desde tenra idade, Mehmari vive atualmente na Serra da Cantareira, na grande São Paulo, onde montou um selo/estúdio: o Monteverdi. Foi lá que gravou, sozinho, apenas com o piano, seu disco tributo ao mestre carioca.
Mehmari conta que o CD nasceu de um convite, do Instituto Moreira Salles, do Rio, para um recital em 2013 inteiramente dedicado à obra de Nazareth.
“A ótima recepção de minhas leituras pelos mais importantes estudiosos e conhecedores da obra de Nazareth foi um incentivo para que eu concretizasse o recital em disco”, diz o músico, que gravou tudo em três dias durante os ensaios para o concerto.
Influência
Mehmari afirma que Nazareth sempre foi uma influência na sua vida. Em texto de sua autoria que está na contracapa do CD, informa que os temas criados pelo ídolo são uma lembrança bem antiga de sua infância em Ribeirão, quando a mãe tocava as composições de Nazareth ao piano.
“(...) naquele mesmo piano de onde brotava sem preconceito um noturno de Chopin, uma valsa de Jobim, um rag de Joplin (...)”, escreve.
“Provavelmente escuto essa musica desde o útero, pois meu pai presenteou minha mãe com um piano quando soube da gravidez”, recorda.
Mas como também é um autor/criador, o músico lembra que “Ouro Sobre o Azul” não é simplesmente um conjunto de execuções ipsiliteris da obra de Nazareth.
O discurso purista o incomoda. Por isso, acredita que foi mais fiel ao homenageado “do que aquele [instrumentista] que toca todas as notinhas da partitura”, porque preocupou-se com a essência mestiça da música.
“E mestiçagem é algo que não tem fim e sempre se renova. O próprio compositor dizia que simplificava e não escrevia suas músicas da forma como as tocava pois, se o fizesse, não venderia as partituras. Não preciso dizer mais nada”, argumenta.
Artista mineiro fez projeto gráfico
Além da qualidade do material sonoro, “Ouro Sobre o Azul” chama a atenção por seu projeto gráfico. Assim como o CD em que gravou com o jazzista português Mário Laginha, o novo disco conta com projeto gráfico do artista mineiro Máximo Soalheiro, que trabalha com tipografia - técnica artesanal de impressão - em seu ateliê.
A edição especial do CD ainda utiliza pigmentos minerais verdadeiros e um azul cobalto cuja tonalidade é praticamente impossível de se reproduzir em gráficas normais.
“As máquinas tipográficas do começo do século 20 têm uma semelhança bem interessante com a ‘máquina-piano’, que também é extremamente precisa e atingiu seu apogeu técnico contemporaneamente às Heidelbergs tipográficas, que ficam décadas sem apresentar problemas”, diz Mehmari.














Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

As 10 melhores músicas dos Ramones

TOQUE DE SILENCIO - VOCÊ SABE A HISTÓRIA ATRAZ DESSE HINO?

Diferenças entre conservatório e faculdade de música