A MÚSICA E A TECNOLOGIA

A palavra "música" abrange uma faixa tão ampla de experiências que todos parcem ter uma idéia diferente de seu significado. Para algumas pessoas, música significa pontos, linhas e rabiscos num pedaço de papel. Para outras, a música só pode significar os sons que aquelas marcações ajudam a produzir. Algumas pessoas imaginam a música como uma atividade que envolve a composição e a inovação. Outro pensam nela em termos do desenvolvimento das habilidades e técnicas de interpretação. Outros ainda vêem a música puramente como uma experência de audição ou quem sabe como um assunto para análise e estudo. Na maioria dos casos, porém, a música envolve alguma combinação desses significados, e quanto mais envolvido você estiver com o processo de criação musical, mais ampla será sua definição em particular.


Nascida da necessidade primeira de auto expressão, a música recorre de forma consistente aos recursos disponiveis para dar asas a idéias e sentimentos. Quando um caçador pré-histórico, depois de ouvir o som de seu arco, resolveu usar pela primeira vez aquele som de forma criativa, foi utilizada a tecnologia disponivel naquele momento para fazer música. Quando os membros da tribo descobriram que bater em troncos ocos era algo com potencial rítmico interessante, foi também usada a tecnologia disponível na época. E quando alguem descobriu que podia criar sons agradáveis assoprando um pedaço de bambu, novamente outro tipo de música nascia da tecnologia.O relacionamento íntimo entre música e tecnologia é mais do que algo apenas interessante. Ele está no centro da própria expressão musical. O som do arco pré-histórico fez surgir, em ultima análise, as cativantes cadências do pianista Vladimir Horowitz de anos mais tarde, o bater de troncos levou aos solos estonteantes do tambor de Buddy Rich. E o sopro no pedaço de bambu eventualmente fez surgir os riffs com espiral de Charlie Parker.
É importante perceber que em cada caso a música tem sido reflexo da tecnologia disponível, e isso criou uma situação dinâmica em que o aperfeiçoamento da tecnologia é continuamente convocado a serviço do bem maior da expressão musical. Portanto, o arco de caça eventualmente tornou-se a harpa, e depois o cravo e finalmente o piano. E, à medida que os instrumentos do comércio foram evoluindo, também a música evoluiu - dos sons medievais dos harpistas irlandeses até as texturas complicadas do cravo de Domenico Scarlatti, e finalmente as estrondosas obras para piano de Franz Liszt.

O que chamamos "instrumentos " nada mais são, na verdade, do que ferramentas ou maquinas especializadas. E as limitações dos instrumentos tornam-se as limitações da música. Na verdade, as limitações em si mem sempre são ruins. (Quem criticaria um quarteto de cordas de Beethoven por ter tão poucos instrumentos?) Mas elas definem a natureza do resultado final.
A medida que as ferramentas e técnicas de trabalho em madeira se aperfeiçoaram, por exemplo, os instrumentos simples de cascos de tartarugas, gravetos e cordas evoluiram para as alaúdes incrivelmente ormamentados da Renascença. E a música acompanhou essa evolução. Com o desenvolvimento das técnicas em matalurgia tivemos o precursores dos trompetes, clarins e tubas, e nasceram novos conjuntos e sons.

Dessa forma, não é tão surpreendente assim constatarmos que, ao entrar em cena, a eletricidade tena sido seu poder também aproveitado em nome da música. A eletricidade gerou o tubo a vácuo, que foi substituido pelo transistor. O transistor levou ao chip microprocessador dos dias de hoje e ao computador pessoal.

Como vimos, o casamento entre a música e a tecnologia deu nos frutos tão importante que ficamos imaginando o que virá pela frente. O mundo está no auge de uma renascença musical, e os computadores e os instrumentos eletrônicos estão liderando esse movimento. Portanto, se você tiver idéias criativas e vontade de expressá-las, esta é a hora de começar.

  Rocha Sousa                                                       

                                                        
Teresina, Piauí, Brazil

Músico, Compositor, Arranjador, Mestre de Banda, Educador Musical e Pesquisador. Membro avaliador da Confederação Nacional de Bandas e Fanfarras (CNBF).

http://maestrorochasousa.blogspot.com/    


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

As 10 melhores músicas dos Ramones

TOQUE DE SILENCIO - VOCÊ SABE A HISTÓRIA ATRAZ DESSE HINO?

Diferenças entre conservatório e faculdade de música