Jovens estão redescobrindo o samba, diz Alcione, que faz turnê com Martinho

Tiago Dias
Do UOL, em São Paulo

  • Roberta Sá, Martinho da Vila, Alcione e Diogo Nogueira vão excursionar por seis capitais

Laureados do samba --do batuque da roda à pompa da avenida-- Martinho da Vila e Alcione estão em clima de estreia. O projeto musical da Nívea, que antes homenageou imortais como Elis Regina e Tom Jobim, dedica a turnê deste ano a um patrimônio centenário: o próprio samba. Os medalhões já cantaram juntos no mesmo palco, mas o gosto desde projeto nunca foi provado antes, e traz também dois representantes da nova geração, Diogo Nogueira e Roberta Sá,

Uma das maiores vozes do Brasil, Alcione resume a expectativa da estreia -- no domingo (16), em Porto Alegre -- em poucas palavras: "Vai ser bafônico", ri. Ao UOL, ela diz esperar um público mais jovem nos shows. É a redescoberta do samba. "A cabeça dos jovens mudou muito em relação ao samba. O samba já não é mais da velha guarda. Agora os jovens também mexem as cadeiras e o pé", avisa.
Seja com a nova ou a velha guarda, a música mais popular do Brasil ainda não havia recebido uma homenagem grandiosa, com um roteiro de canções que repassa e valoriza sua história. "O samba não participa de projetos muito bem administradores e com patrocinadores. Mas o tempo muda. O Brasil mudou. Antes, era tudo muito preconceituoso, tudo que tinha origem negra era de favelado. A própria escola de samba era mal vista. O samba era o tipo de música setorizada, feita para um determinado tipo de gente", explica Martinho, do alto de uma discografia com mais de 40 títulos, sendo o último, uma compilação de sambas enredos de sua autoria.
Após a estreia, o projeto Nívea Viva o Samba passa por mais cinco capitais -- Rio de Janeiro em 23 de março, Brasília em 6 de abril, Recife em 13 de abril, Salvador em 27 de abril, e São Paulo em 25 de maio. O repertório é, de fato, uma aula de samba. Compositores que colaboraram para o cancioneiro brasileiro, como Dorival Caymmi ("Um Vestido de Bolero"), Gonzaguinha ("O Que É o Que É?"), Cartola ("O Mundo é um Moinho") e, claro, João Nogueira, defendido pelo seu filho Diogo ("Poder da Criação", "Além do Espelho"), e uma boa dose de Martinho ("Mulheres", "Renascer das Cinzas"), se juntam aos primeiros versos da história do samba. Ary Barroso com "Isto aqui o que é? (Sandália De Prata)" encerra o show, e Noel Rosa, com "Feitiço da Vila", promete ser um dos momentos mais emocionantes das apresentações. "Vamos defender isso com unhas e dentes. Vai ser bonito", diz a cantora.
Diogo Nogueira e Roberta Sá entram na dança por serem um dos poucos novos artistas a mostrarem um trabalho conciso. Martinho tem filhos cantores, mas avalia que é uma questão de tempo até a passagem de bastão definitiva: "É assim também no rock. O músico jovem precisa de um tempo para se desenvolver. Demora".
Alcione se derrete pelos amigos mais novos: "São dois jovens que gostam do que fazem, eu me sinto muito bem em trabalhar com eles. São pessoas que pesquisam muito". Martinho admite que a energia dos mais jovens contamina a velha guarda no palco ("Eles têm um gás..."), mas minimiza a questão das idades. "Às vezes, eles são mais velhos do que a gente", ri.

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