Pianista prodígio, Austin Peralta toca em São Paulo

AE - Agência Estado
O piano de Austin Peralta se encaixa em cenas aparentemente díspares mas historicamente relacionadas. São elas o métier virtuosístico do jazz moderno, em que toca em trios e quartetos, trocando improvisos ligeiros, na linhagem de Herbie Hancock e outros pilares do teclado jazzístico, e a fértil cena de hip hop experimental de Los Angeles, centrada em torno da gravadora Brainfeeder. "Existe beleza em não ser nem uma coisa nem outra. Você aprende a trazer o que for necessário a cada situação", explica o músico à reportagem. "Escuto o que é único em cada momento, e vou atrás disso."
As situações são distantes e Austin vai de shows com Chic Corea a gravações com Flying Lotus, dono da Brainfeeder e padroeiro de uma vertente distinta de beatmakers, caracterizada pela psicodelia digital. Ainda assim, sua música forma um elo curioso entre estas cenas. Ao mesmo tempo que o nível técnico que possui é algo restrito a clubes de jazz, tendo função limitada na produção de beats, o som da Brainfeeder divide influências com a música praticada por Austin (a tia de Fly Lo é ninguém menos que Alice Coltrane, seu primo é Ravi Coltrane, filho do homem, e diversos discos da gravadora transpiram o virtuosismo e a ambiguidade harmônica do gênero).
"Não diria que é mais simples tocar para ser sampleado, sabendo que aquilo será manipulado depois. Mas é uma função mais coadjuvante, você pensa mais em texturas do que notas. Você pensa em cores harmônicas, em camadas de som", conta Austin, que trabalhou este ano, no aguardado novo disco de Flying Lotus, "Until the Quiet Comes".
As melhores sínteses da ponte criada por Austin Peralta estão em seus trabalhos para a gravadora. Seu disco solo, "Endless Planets", que o pianista mostra, nesta quinta-feira, em show no Cine Joia vai de tours de force de jazz modal como o de Capricornus a sonhos sintéticos como os de Renaissance Bubbles.
É o único disco gravado sem as manipulações de praxe na escalação da gravadora, que lança comparsas de Flying Lotus como Strangeloop, Teebs, Samiyam, Daedalus e outros do recorte sonoro. Suas parcerias com o baixista Thundercat também são notáveis. Na melhor delas, a faixa "$200TB", produzida por Flying Lotus, o piano de Austin sustenta o frenesi dos solos de Thundercat (há um vídeo dos dois trocando solos no YouTube que ilustra o ponto).
O resultado é uma espécie de soul fusion com hip hop moderno, que resume a direção apontada pela Brainfeeder nos últimos anos. Um caminho que tem uma sólida base de seguidores nos Estados Unidos. Em tempos em que equipamentos de DJ se transformam, cada vez mais, nas guitarras de outrora, o appeal estético do som da Brainfeeder faz sentido: adolescentes em busca de um som alternativo, em vez de seguirem a trilha popular do dubstep de Skrillex, dão vazão ao desejo de produzir uma batida densa e pesada com um viés experimental, como fazem os que lançam pela gravadora. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
AUSTIN PERALTA


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