SHINDO RENMEI - CORAÇÕES SUJOS (MAKEGUMI) - A HISTÓRIA DA HISTÓRIA
Está sendo rodado (já em fase final) em Campinas /Paulínia filme baseado no Livro CORAÇÕES SUJOS
de Fernado Moraes, contando sobre a Organização Shindo Renmei, e vividas em Tupã. Vamos conferir.
Na foto da capa do livro os "sete heróis" de Tupã - Shimpei Kitamura, Shinguetaka Takagui, Isamu
Matsumoto, Sincho Nakamine, Eiiti Sakane, Isao Mizushimam e Tokuiti Hidaka - logo após deixarem a cadeia de Marília.
FILME
Baseado na obra de Fernando Morais, a história do grupo paramilitar japonês Shindo Renmei agora será transformada em filme por Vicente Amorim, diretor de “O Caminho das Nuvens”, com Wagner Moura, e “Um Homem Bom”, estrelado pelo norte-americano Viggo “Aragorn” Mortensen.
"Corações Sujos" já está em produção e conta com a participação de integrantes da equipe que criou o drama “Cartas de Iwo Jima”, de Clint Eastwood. As filmagens acontecerão em Paulínia (SP) e o filme tem orçamento de R$ 8 milhões.
Em entrevista Vicente Amorim contou que a maioria dos diálogos será em japonês, com adaptação de Yuki Ishimaru, responsável pelos diálogos de “Cartas de Iwo Jima”. “Corações Sujos” terá novamente o ator Wagner Moura, mas o elenco será predominantemente japonês, para que as falas sejam perfeitas e o elenco atraia o público nipônico, já que o filme também está sendo comercializado no Japão.
Corações Sujos conta a história da Shindo Renmei, ou “Liga do Caminho dos Súditos”, uma seita nacionalista japonesa que nasceu em São Paulo logo após o fim da Segunda Guerra Mundial e aterrorizou a colônia de japoneses no Brasil. Seus seguidores acreditavam que a notícia da rendição nipônica não passava de um golpe de propaganda dos aliados para acabar com o orgulho dos japoneses e não aceitavam o fato de que o Japão havia sido derrotado. Com isso, em poucos meses, os mais de 200 mil imigrantes que viviam no Estado de São Paulo estavam divididos entre os kachigumi, os “vitoristas” da Shindo Renmei, apoiados por 80% da comunidade japonesa no Brasil, e os makegumi, ou “derrotistas”, apelidados de “corações sujos” pelos militantes da seita.
Organização militarista e seguidora cega das tradições de seu país, a Shindo Renmei declarou guerra aos “corações sujos” pela acusação de traição à pátria pelo crime de acreditar na verdade – ou seja, que o Japão havia se rendido – e passaram a perseguir e assassinar os “derrotistas”. Em pouco mais de um ano, entre 1946 e 1947, os matadores da Shindo Renmei percorreram o Estado de São Paulo realizando atentados que levaram à morte 23 imigrantes e deixaram cerca de 150 feridos. Grande parte destes fato ocorreram na região da cidade de Tupã/SP.
Os encarregados de promover a "justiça" dentro da colônia e salvar a honra japonesa eram os chamados tokkotai. Matadores, na sua maioria sem experiência, eles perseguiam os traidores do Japão, filhos da pátria que confessavam publicamente acreditar na derrota do país. Eles promoviam o acerto de contas entre os japoneses. Os brasileiros nada tinham a ver com a questão, tanto que, os tokkotai entregavam-se à polícia, após a execução dos traidores.
O mais famoso grupo de tokkotai era o formado pelos sete "heróis" de Tupã. Eles chegaram a ser presos por tentarem assassinar um brasileiro (o cabo Edmundo, do interrogatório) por um crime mortal por ele cometido: desonrar a Hinomaru, a bandeira japonesa. Após ser solto, o grupo foi recebido como herói na colônia japonesa em Marília, interior paulista.
O HISTÓRICO DA IMIGRAÇÃO JAPONESA
O Japão estava superpovoado no século XIX. O país tinha ficado isolado do Mundo durante os 265 anos do período Edo (Xogunato Tokugawa), sem guerras, epidemias trazidas do exterior ou emigração. Com as técnicas agrícolas da época, o Japão produzia apenas o alimento que consumia, sem praticamente formação de estoques para períodos difíceis. Qualquer quebra de safra agrícola causava fome generalizada.
O fim do Xogunato Tokugawa deu espaço para um intenso projeto de modernização e abertura para o exterior durante a era Meiji. Apesar da reforma agrária, a mecanização da agricultura desempregou milhares de camponeses. Outros milhares de pequenos camponeses ficaram endividados ou perderam suas terras por não poder pagar os altos impostos, que, na era Meiji, passaram a ser cobrados em dinheiro, enquanto antes eram cobrados em espécie (parte da produção agrícola).
Os camponeses sem terra foram para as principais cidades, que ficaram saturadas. As oportunidades de emprego tornaram-se cada vez mais raras, formando uma massa de trabalhadores miseráveis.
A política emigratória colocada em prática pelo governo japonês tinha como principal objetivo aliviar as tensões sociais devido à escassez de terras cultiváveis e endividamento dos trabalhadores rurais, permitindo assim a implementação de projetos de modernização.
A PRÉ-IMIGRAÇÃO
Apesar de receber japoneses durante o final do século XIX e nos anos iniciais do século XX, na condição de visitantes, somente em 1906 chegou ao Brasil um grupo significativo disposto a estabelecer uma colônia.
Liderados por Saburo Kumabe, o grupo situou-se em 1907 na fazenda Santo Antônio, no atual município de Conceição de Macabu (então distrito de Macaé), no estado do Rio de Janeiro. A colônia durou cinco anos, fracassando por razões diversas. Além da falta de investimentos, epidemias e saúvas, o principal problema foi que se tratava de um grupo heterogêneo de pessoas - advogado, professores, funcionários públicos - sem agricultores com experiência em cultivar a terra.
A IMIGRAÇÃO
Os primeiros imigrantes japoneses chegaram ao Brasil em 1908. A grande maioria dos imigrantes japoneses pretendia fazer fortuna para depois retornar ao Japão.
O Kasato Maru é considerado pela historiografia oficial como o primeiro navio a aportar no Brasil com imigrantes japoneses. A viagem de 52 dias começou no porto de Kobe e terminou no Porto de Santos em 18 de Junho de 1908. Vieram 165 famílias (781 pessoas) que foram trabalhar nos cafezais do oeste paulista.
O recebimento não foi especialmente caloroso. Apenas um jornalista elogiou os imigrantes dizendo que eles eram "limpos", coisa não muito comum entre os europeus naquela época. A revista carioca "O Malho" em sua edição de 5 de dezembro de 1908 publicou uma charge de imigrantes japoneses com a seguinte legenda: "O governo de São Paulo é teimoso. Após o insucesso da primeira imigração japonesa, contratou 3.000 amarelos. Teima pois em dotar o Brasil com uma raça diametralmente oposta à nossa".
O contrato previa que a estada dos imigrantes nas fazendas deveria ser de cinco anos, porém as más condições fizeram com que a maioria saísse das fazendas no mesmo ano.
Somente em 28 de junho de 1910, chegou a Santos outro navio, o Ryojun Maru, trazendo mais 906 imigrantes japoneses.
Com o fim da Primeira Guerra Mundial, o fluxo de imigrantes japoneses para o Brasil cresceu enormemente e a imigração de japoneses continuou em ascensão. Em 1914, quando o governo de São Paulo interrompeu a contratação de imigrantes, a população japonesa no Brasil era estimada em apenas 10 mil pessoas. Até 1915, chegaram no Brasil mais 3.434 famílias (14.983 pessoas) de imigrantes japoneses.
Entre 1917 e 1940, vieram 164 mil japoneses para o Brasil e o destino foi principalmente o Paraná. A maior parte dos imigrantes chegou no decênio 1920-1930.
Os recém-chegados depararam-se com uma terra completamente diferente de sua pátria: língua, costumes, religião, alimentação, clima, enfim, tudo era diferente daquilo a que eles estavam acostumados.
A política de imigração da República Velha pretendia "branquear" o Brasil. Imigrantes japoneses só foram aceitos pois diminuía muito o fluxo de imigrantes italianos.
Nesse contexto, o imigrante japonês era visto com desconfiança já que possuía hábitos completamente diferentes dos brasileiros e de outros imigrantes estrangeiros. Os japoneses organizavam-se em comunidades fechadas, poucos aprendiam a língua portuguesa e evitavam contatos com os brasileiros e outras comunidades de imigrantes. Estes fatos contribuíram ainda mais para aumentar a desconfiança contra eles.
Apesar de tudo, o Brasil possuía já na década de 1930, a maior comunidade de imigrantes japoneses do mundo.
A COLÔNIA JAPONESA E A DITADURA DO ESTADO NOVO
A ditadura do Estado Novo implantado por Getúlio Vargas procurou ressaltar o nacionalismo brasileiro através da repressão à cultura dos imigrantes que formavam comunidades fechadas como os japoneses e alemães. O decreto nº 383 de 18 de abril de 1938 determinou várias proibições aos estrangeiros: não poderiam participar de atividades políticas, formar qualquer tipo de associação, falar idiomas estrangeiros em público ou usá-los para alfabetização de crianças. A transmissão de programas de rádio em idiomas estrangeiros foram proibidos. As publicações impressas (jornais, revistas) em idiomas estrangeiros foram proibidas, a não ser que fossem bilíngües, japonês-português por exemplo. Como a publicação em idioma japonês ficou muito cara, jornais e revistas deixaram de circular.
Em 1939, uma pesquisa da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, de São Paulo, mostrava que 87,7% dos nipo-brasileiros assinavam jornais em idioma japonês, um índice altíssimo de leitura no Brasil da época. O decreto nº 383 de 1938 praticamente acabou com a disseminação de informações na comunidade japonesa, pois boa parte desta sequer compreendia o idioma português.
Quando o Brasil declarou guerra ao Japão, em 1942, a chegada de novos imigrantes do Japão foi proibida, as cartas não mais chegavam, os nipo-brasileiros passaram a não poder viajar pelo território nacional ou residir em certos locais (como no litoral) sem salvo-conduto expedido por autoridade policial, e os aparelhos de rádio foram apreendidos para que não se ouvissem transmissões em ondas curtas do Japão.
Durante todo o período da Segunda Guerra Mundial, a comunidade de nipo-brasileiros ficou sem receber notícias do Japão e sem imprensa escrita ou falada que usasse o idioma japonês. A falta de informações sobre o Japão passou a ser total.
A SHINDO REINMEI
Shindo Renmei não foi a primeira nem a única organização "patriótica" criada por nipo-brasileiros. Várias outras existiram, mas nenhuma praticou atos terroristas. A maior parte delas foram organizações de auxílio mútuo da comunidade nipo-brasileira.
Alguns católicos japoneses (Keizo Ishihara, Margarida Watanabe e Massaru Takahashi) criaram, com a aprovação da Igreja Católica e das autoridades do governo, uma caixa beneficente, chamada simplificadamente de "Pia", com o objetivo de prestar ajuda aos membros pobres da colônia.
Um ex-coronel do exército japonês, Junji Kikawa, participou das atividades da "Pia". Em 1942, após um violento confronto envolvendo brasileiros e japoneses na cidade de Marília, Junji Kikawa fundou a Shindo Renmei, a "Liga do Caminho dos Súditos", em idioma japonês). Em 1944, desligou-se da entidade beneficente "Pia", pois a diretoria desta opunha-se à propaganda que ele fazia do uso da sabotagem. Junji Kikawa imprimia e distribuía panfletos que aconselhavam os agricultores nipo-brasileiros a abandonar ou destruir a produção de seda (usada na fabricação de pára-quedas) e hortelã (o mentol derivado era utilizado para tornar a nitroglicerina mais potente). Ocorreram alguns atos de destruição de criação de bicho-da-seda e de plantações de hortelã de agricultores nipo-brasileiros, porém as autoridades policiais não investigaram os fatos devidamente e o assunto foi logo esquecido.
A Shindo Renmei tinha sede na rua Paracatu, nº 96, bairro da Saúde, na cidade de São Paulo. Chegou a possuir 64 filiais nos estados de São Paulo e Paraná. Mantinha-se com doações de seus filiados.
Bombardeio atômico sobre Nagasaki
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, os integrantes da Shindo Renmei recusaram-se a acreditar nas notícias oficiais sobre a derrota do Japão. Seus objetivos então passaram a ser: punir os derrotistas, divulgar a "verdade" (que o Japão venceu ou vencia a guerra) e defender a honra do imperador.
A comunidade nipo-brasileira da época foi dividida pela Shindo Renmei em:
* Kachigumi: - os vitoristas, eram aqueles que acreditavam que a guerra continuava ou que tinha havido a vitória do Japão. Nem todos foram simpatizantes das ações da Shindo Renmei. Era constituído pelas pessoas mais pobres da comunidade e que ainda desejavam o retorno. Eram os mais numerosos.
* Makegumi: - os derrotistas, pejorativamente chamados de "corações sujos", eram os que acreditavam na derrota japonesa. Formavam o grupo mais próspero da colônia, eram melhor informados e melhor adaptados ao Brasil.
OS ASSASSINATOS RITUAIS
Matar de pronto não era uma prática comum entre os tokkotai. Antes de executar os escolhidos ocorria dentro deum ritual,onde surgiam ameaças de morte que aterrorizavam a colônia. Por meio de bilhetes ou sotoba, que eram plaquinhas de madeira pregadas nas portas das casas, cujo texto dizia: "Você tem o coração sujo, então deve ter a garganta lavada", o que significava a morte por degola por uma espada Katana. Para "morrer com honra" era dada a chance dos acusados de traição praticarem o suicídio (haraquiri). Seria utilizada por eles uma faca para cortar o ventre, onde a bandeira japonesa ficaria colocada.
Os matadores carregavam consigo uma espécie de ‘kit’, que continha a faca, a Hinomaru e mais uma carta de suicídio cívico, escrita por um calígrafo, falando da vergonha de ter pensado na derrota japonesa. Bastava o traidor assinar e cumprir o ritual. Contudo, nenhum dos traidores procurados pela Shindo Renmei aceitou cometer suicídio.
Os tokkotai entregavam-se às autoridades brasileiras logo após as execuções. Sempre explicavam que nada tinham contra o Brasil ou contra os brasileiros, e que não eram criminosos comuns, pois "matavam no estrito cumprimento do dever".
FALSIFICAÇÃO
Os kachigumi da Shindo Renmei utilizavam-se de falsificações grosseiras para consolidar entre os membros a idéia da vitória do Japão. Chegaram ao cúmulo de falsificar uma edição da revista americana Life, na qual estava publicada uma foto do gereral Douglas MacArthur que indicava ao representante japonês onde deveria assinar a rendição. Obviamente, a revista nunca havia sido publicada na língua nipônica, mas os líderes usaram a mesma foto, com o cuidado de alterar a legenda, forjando a ‘rendição americana’.
Havia também a clandestina Rádio Bastos, que transmitia noticiários totalmente fantásticos em japonês. Entre as ‘notícias’ veiculadas estavam mentiras absurdas como o suicídio de MacArthur ou a nomeação do aviador Charles Lindbergh como novo previdente americano, pela indicação do governo do Japão. Além disso, espertinhos multiplicavam-se pelo interior vendendo falsos lotes de terras na Oceania, para o novo processo de colonização após a vitória japonesa. Muitos imigrantes lotaram cidades portuárias a espera de um navio que retornaria a terra do Sol Nascente. A embarcação, é claro, nunca veio.
A RENDIÇÃO DO JAPÃO
O general Douglas MacArthur ainda foi responsável pela maior vergonha que os japoneses ao redor do mundo puderam sentir. Foi exigida do imperador Hiroíto a ‘Declaração da Condição Humana’. Com isso, no dia 1º de janeiro de 1946, ele renunciou publicamente à divindade. Ao contrário do que os japoneses acreditavam desde tempos imemoriais, ele não era descendente dos deuses. O pronunciamento ecoou às nove da manha nos alto-falantes das rádios de todo o Japão. Foi como se o chão faltasse naquele momento para os súditos.
Como o próprio Morais chegou a afirmar no caso das falsificações, ‘acreditava quem queria acreditar’. E mais de 120 mil imigrantes no Brasil acreditaram. Os membros da Shindo Renmei em pouco mais de 13 meses foram responsáveis pela morte de 23 "súditos" e deixaram cerca de 150 feridos. No mesmo período, o DOPS prendeu mais de 30 mil suspeitos e condenou 381 a penas que variavam de um a 30 anos de prisão.
TUPÃ
Em Tupã ocorreu o caso envolvendo o colono Koketsu e o cabo Edmundo, pois em uma festa da colônia o japonês asteou em um bambua HinoMaru (bandeira japonesa), o que para todos eles era um símbolo sagrado, mas o que pela legislação de guerra da época era considerado um crime grave.
Ao chegar no local,o cabo Edmundo,que era já conhecido da colônia por não gostar de orientais,deu dois golpes de cacetete nos ombros de koketsu.
Por ser um homem arrogante,pegou a bandeira,que para os japoneses é sagrada por conter o sol,a deus maior do xintoismo,e limpou as botas de bosta de vaca. Nenhum japones que estava no local aceitou tal ato.
Dias se passaram e a noticia logo correu pelas colônia japonesa e em uma noite7 homens vestidos de camisetas,uns de shorts e outros com calça arregaçada até o joelho passavam nas ruas de Tupã,portando cacetetes e katana.
Foram ate a Delegacia de Polícia com o objetivo de matar o cabo Edmundo pelo ato que havia cometido contra a bandeira japonesa.
Um soldado que estava protegendo a delegacia,impediu-os de entrar,porem depois de muita conversa,foi permitido que eles entrassem para verificar se o cabo estava lá, mas este não estava e eles foram até onde o cabo morava,de novo não encontraram ele,porem,a mulher que lá trabalhava,com medo,disse aonde ele se encontrava,na quadra de tênis.
Com suas espadas reluzentes sob a pouca luz que havia a cidade.Antes que chegassem,já era possivel ouvir o barulho das botas dos soldados do Exército indo a procura deles,pois o soldado da delegacia já havia comunicado o ocorrido. Encurralaram os 7 japoneses,e se sentindo seguro,surge o cabo Edmundo,para,como sempre,agredi-los,porém dessa vez foi diferente,antes que acontecesse de ele bater,o japones pulou para cima dele com a afiada katana,e logo em seguida,os soldados o imobilizou.Foram levados para a delegacia,e por curiosidades,todos eles tinham em seus peitos,a bandeira do Japão guerreiro,aquela usada pelo Exército japonês durante a guerra.Foram presos porem liberados mais tarde por um advogado.
OSVALDO CRUZ
O assassinato de um caminhoneiro brasileiro cometido por um outro caminhoneiro japonês, em 31 de julho de 1946, fez com que a população de Osvaldo Cruz saísse às ruas disposta a linchar todos os nipo-brasileiros que encontrasse. O tumulto foi controlado apenas com a chegada de tropas do Exército chamadas pelo médico Oswaldo Nunes.
O PRECONCEITO RACIAL, CULTURAL E RELIGIOSO CONTRA OS JAPONESES
A política de imigração brasileira era executada não só como um meio de colonizar e desenvolver o Brasil, mas também de "civilizar" e "branquear" o país com população europeia. A imigração de japoneses e chineses foi praticamente proibida em 1890. Neste ano, o decreto nº 528 assinado pelo presidente Deodoro da Fonseca e pelo ministro da Agricultura Francisco Glicério determinava que a entrada de imigrantes da África e da Ásia seria permitida apenas com autorização do Congresso Nacional. O mesmo decreto não restringia, até incentivava, a imigração de europeus. Somente em 1892, foi aprovada a lei nº 97 que permitia a entrada de imigrantes chineses e japoneses no Brasil e, assim, o decreto nº 528 de 1890 perdeu seu efeito.
O preconceito contra o recebimento de imigrantes japoneses ou chineses era muito forte. Todos asiáticos eram considerados raças inferiores que prejudicariam o "branqueamento" que ocorria no Brasil com o recebimento de imigrantes europeus. Havia também o medo do "perigo amarelo", isto é, que as grandes populações de orientais se espalhassem étnica e culturalmente pelas Américas. O medo do "perigo amarelo" tinha sido exacerbado pelo expansionismo militarista do império nipônico que, buscando conquistar terras para colonizar, derrotou a China em 1895 e a Rússia, em 1905 (a segunda derrota de um país europeu em frente a um não-europeu nos tempos modernos, a primeira sendo a Itália perante a Etiópia em 1896). Finalmente, havia o sentimento de que o imigrante japonês era um "quisto inassimilável" devido a seus costumes e religião.
As idéias racistas, a paranóia derivada da ameaça do "perigo amarelo" (a expressão é atribuída ao kaiser Guilherme 2º, da Alemanha, quando incitou os russos a guerrearem contra o Japão; mas ela ganhou força na crise da imigração japonesa nos EUA. De lá teria vindo para o Brasil) passam a tomar forma de ação ao se articular com as forças repressivas.
Com o acirramento dos sentimentos nacionalistas a partir do Estado Novo, em 1937, e com a entrada do Japão na Segunda Guerra ao atacar Pearl Harbor, em dezembro de 1941, o preconceito antinipônico deixa de atuar apenas no campo das idéias. Uma série de medidas contra os "súditos do Eixo" -alemães, italianos e japoneses- foram tomadas, e algumas delas foram particularmente doloridas para a comunidade nikkei no Brasil.
Em 25 de maio de 1945, a mais famosa dupla do jornalismo brasileiro, composta pelo repórter David Nasser e pelo fotógrafo Jean Manzon, publica, em "O Cruzeiro", uma matéria-ilustração inspirada em algo parecido feito pela americana "Time", com o objetivo de ensinar os brasileiros a distinguirem um japonês de um chinês. O japonês, segundo Nasser, entre outras coisas, é "de aspecto repulsivo, míope, insignificante".
Nas palavras do historiador Roney Cytrynowicz, em seu livro sobre o impacto da Segunda Guerra no dia-a-dia do paulistano ("Guerra sem Guerra"), "a opressão contra os imigrantes japoneses, diferente do que ocorreu com italianos e alemães em São Paulo, deixa claro que o Estado Novo moveu contra eles -a pretexto de acusação de sabotagem- uma campanha racista em larga escala".
Com o fim da Segunda Guerra, os japoneses além do já antigos preconceitos tanto racial como religioso ganharam mais estigmas, os de "fanáticos e terroristas".
A PERSEGUIÇÃO CONTRA A COLÔNIA E O DESBARATAMENTO DA SHINDO REINMEI
As estórias de assassinatos, especialmente aqueles com espada katana, espalharam o terror da Shindo Renmei dentro da comunidade nipo-brasileira. Apesar de não ter sido afetada diretamente, o resto de população brasileira reforçou seus preconceitos de que todos japoneses eram fanáticos nacionalistas.
O exército e o Departamento Estadual de Ordem Política e Social (DEOPS) realizaram operações de investigação nos estados de São Paulo e do Paraná. Segundo a polícia paulista, 31.380 nipo-brasileiros foram investigados como suspeitos de ter ligações com a organização. O DEOPS identificou criminalmente 376 nipo-brasileiros.[5] Finalmente, as lideranças da Shindo Renmei e boa parte dos tokkotais foram presos.
Cerca de 155 imigrantes japoneses tiveram sua expulsão do território nacional decretada em 1946, porém esta nunca ocorreu e o caso acabou por prescrever. Apenas 14 tokkotais cumpriram penas por assassinato.
Uma parte da população brasileira reagiu passionalmente e espancou nipo-brasileiros inocentes ou pertencentes à Shindo Renmei. Confrontos ocorreram em cidades do interior paulista onde havia grande quantidade de imigrantes japoneses, como na região de Tupã, São Paulo. Em Tupã existiu um Campo de Internamento (Concentração) para aprisionar os homens da colônia japonesa.
Mais de 200 escolas de japonês foram fechadas. A língua japonesa foi proibida de ser falada em público; para a maioria dos nipônicos no país, essa era a única forma de se comunicar.
A publicação dos jornais em japonês ficou muito cara (passou a ser obrigatória a edição bilíngüe, japonês-português), e eles deixaram de circular. Em 1939, uma pesquisa da Estrada de Ferro Noroeste, de São Paulo, mostrava que 87,7% dos japoneses assinavam jornais na sua língua materna, um índice altíssimo para os padrões do setor no Brasil.
Os bens das empresas nipônicas foram confiscados. Japoneses não podiam viajar sem salvo-conduto. Aparelhos de rádios pertencentes às famílias eram apreendidos -para que não se ouvissem transmissões em ondas curtas do Japão.
Os "súditos do imperador" estavam proibidos de dirigir veículos de sua propriedade, mesmo os comerciais -os choferes tinham que ser designados por uma autoridade policial brasileira.
Sem que houvesse indícios de que organizações político-militares ligadas às armas imperiais do Japão estivessem atuando no país (como foi o caso de núcleos do Partido Nazista entre os imigrantes alemães), civis japoneses e muitos de seus descendentes nascidos no Brasil foram tratados como prisioneiros de guerra.
Em 1942, a colônia japonesa que serviu para o cultivo da pimenta em Tomé-Açu, no Pará, foi transformada em campo de concentração (expressão da época), embora nenhuma atividade contra a "segurança nacional" por parte de seus membros tivesse sido detectada.
De Washington, o embaixador brasileiro Carlos Martins Pereira e Sousa incentivava o Brasil a adotar, a exemplo dos EUA, os "campos de internamento": áreas de confinamento para as quais foram levados, sem respaldo jurídico, mais de 120 mil nisseis (muitos já cidadãos americanos). Eles viveram nesses "campos-prisão" até o final da guerra, em condições humanas precárias.
A delação -como diz Tzvetan Todorov, a delação no Estado totalitário é um modo de colocar "o terror à disposição de todos"- contra os japoneses tornava-se popular. "Desavenças de vizinhos, dívidas não pagas e até brigas de crianças eram motivos para que os japoneses fossem delatados anonimamente às autoridades", conta Fernando Morais em "Corações Sujos".
A suspeita não tinha limites: em dezembro de 1942, o jornalista Hideo Onaga e um grupo de jovens foram presos em um piquenique na represa Eldorado, distrito de Santo André (SP), porque havia uma desconfiança de que eles estivessem construindo um submarino (!), conforme relatou à historiadora Marcia Yumi Takeuchi. Marchinhas de Carnaval ironizavam Hiroito e a "terra do micado".
os pintores japoneses do grupo Seibi (Tomoo Handa e Yoshiya Takaoka, entre outros), que se reuniam para pintar na rua e no campo, foram obrigados a entrar em reclusão e atuar clandestinamente, o que não ocorreu com o grupo Santa Helena, por exemplo, composto em sua maioria por italianos.
Em 10 de julho de 1943, sem aviso prévio,tal qual ocorreu em Antonina/PR, cerca de 10 mil "súditos do Eixo" foram obrigados a abandonar Santos em poucas horas, deixando todos os seus bens para trás, pois eles eram vistos como uma ameaça no caso de uma invasão por parte das Forças Militares japonesas e só foi permitido morar na zona litorânea os japoneses que fossem casados com nacionais brasileiros.
Em 3 de maio de 1944, o delegado-chefe do serviço de salvo-condutos, José Antonio de Oliveira, nega pedido de Miya Tekeuti, que estava em São Paulo e queria voltar a residir na Baixada Santista para ficar perto dos sete filhos, o menor deles com 12 anos.
A ladeira Conde de Sarzedas, no centro de São Paulo, foi um marco para os japoneses. O aluguel dos cômodos nos porões dos sobrados era uma bagatela, e grupos de japoneses passaram a morar nesses quartos, a partir de 1912. Ela passa a ser conhecida como a "Rua dos Japoneses", iniciando a história da Liberdade como o bairro nipônico -nasciam ali os primeiros restaurantes japoneses da capital paulista. Em 2 de fevereiro de 1942, os já numerosos nikkeis da Conde de Sarzedas e da rua dos Estudantes são acordados durante a noite por agentes do Dops; foram avisados de que teriam de abandonar a área em 12 horas. A cena se repetiria na véspera do Sete de Setembro, desta vez com os japoneses tendo dez dias para se mudarem definitivamente da região.
informações obtidas no Site da Produtora do filme e no blog
http://molinacuritiba.blogspot.com/
de Fernado Moraes, contando sobre a Organização Shindo Renmei, e vividas em Tupã. Vamos conferir.
Na foto da capa do livro os "sete heróis" de Tupã - Shimpei Kitamura, Shinguetaka Takagui, Isamu
Matsumoto, Sincho Nakamine, Eiiti Sakane, Isao Mizushimam e Tokuiti Hidaka - logo após deixarem a cadeia de Marília.
FILME
Baseado na obra de Fernando Morais, a história do grupo paramilitar japonês Shindo Renmei agora será transformada em filme por Vicente Amorim, diretor de “O Caminho das Nuvens”, com Wagner Moura, e “Um Homem Bom”, estrelado pelo norte-americano Viggo “Aragorn” Mortensen.
"Corações Sujos" já está em produção e conta com a participação de integrantes da equipe que criou o drama “Cartas de Iwo Jima”, de Clint Eastwood. As filmagens acontecerão em Paulínia (SP) e o filme tem orçamento de R$ 8 milhões.
Em entrevista Vicente Amorim contou que a maioria dos diálogos será em japonês, com adaptação de Yuki Ishimaru, responsável pelos diálogos de “Cartas de Iwo Jima”. “Corações Sujos” terá novamente o ator Wagner Moura, mas o elenco será predominantemente japonês, para que as falas sejam perfeitas e o elenco atraia o público nipônico, já que o filme também está sendo comercializado no Japão.
Corações Sujos conta a história da Shindo Renmei, ou “Liga do Caminho dos Súditos”, uma seita nacionalista japonesa que nasceu em São Paulo logo após o fim da Segunda Guerra Mundial e aterrorizou a colônia de japoneses no Brasil. Seus seguidores acreditavam que a notícia da rendição nipônica não passava de um golpe de propaganda dos aliados para acabar com o orgulho dos japoneses e não aceitavam o fato de que o Japão havia sido derrotado. Com isso, em poucos meses, os mais de 200 mil imigrantes que viviam no Estado de São Paulo estavam divididos entre os kachigumi, os “vitoristas” da Shindo Renmei, apoiados por 80% da comunidade japonesa no Brasil, e os makegumi, ou “derrotistas”, apelidados de “corações sujos” pelos militantes da seita.
Organização militarista e seguidora cega das tradições de seu país, a Shindo Renmei declarou guerra aos “corações sujos” pela acusação de traição à pátria pelo crime de acreditar na verdade – ou seja, que o Japão havia se rendido – e passaram a perseguir e assassinar os “derrotistas”. Em pouco mais de um ano, entre 1946 e 1947, os matadores da Shindo Renmei percorreram o Estado de São Paulo realizando atentados que levaram à morte 23 imigrantes e deixaram cerca de 150 feridos. Grande parte destes fato ocorreram na região da cidade de Tupã/SP.
Os encarregados de promover a "justiça" dentro da colônia e salvar a honra japonesa eram os chamados tokkotai. Matadores, na sua maioria sem experiência, eles perseguiam os traidores do Japão, filhos da pátria que confessavam publicamente acreditar na derrota do país. Eles promoviam o acerto de contas entre os japoneses. Os brasileiros nada tinham a ver com a questão, tanto que, os tokkotai entregavam-se à polícia, após a execução dos traidores.
O mais famoso grupo de tokkotai era o formado pelos sete "heróis" de Tupã. Eles chegaram a ser presos por tentarem assassinar um brasileiro (o cabo Edmundo, do interrogatório) por um crime mortal por ele cometido: desonrar a Hinomaru, a bandeira japonesa. Após ser solto, o grupo foi recebido como herói na colônia japonesa em Marília, interior paulista.
O HISTÓRICO DA IMIGRAÇÃO JAPONESA
O Japão estava superpovoado no século XIX. O país tinha ficado isolado do Mundo durante os 265 anos do período Edo (Xogunato Tokugawa), sem guerras, epidemias trazidas do exterior ou emigração. Com as técnicas agrícolas da época, o Japão produzia apenas o alimento que consumia, sem praticamente formação de estoques para períodos difíceis. Qualquer quebra de safra agrícola causava fome generalizada.
O fim do Xogunato Tokugawa deu espaço para um intenso projeto de modernização e abertura para o exterior durante a era Meiji. Apesar da reforma agrária, a mecanização da agricultura desempregou milhares de camponeses. Outros milhares de pequenos camponeses ficaram endividados ou perderam suas terras por não poder pagar os altos impostos, que, na era Meiji, passaram a ser cobrados em dinheiro, enquanto antes eram cobrados em espécie (parte da produção agrícola).
Os camponeses sem terra foram para as principais cidades, que ficaram saturadas. As oportunidades de emprego tornaram-se cada vez mais raras, formando uma massa de trabalhadores miseráveis.
A política emigratória colocada em prática pelo governo japonês tinha como principal objetivo aliviar as tensões sociais devido à escassez de terras cultiváveis e endividamento dos trabalhadores rurais, permitindo assim a implementação de projetos de modernização.
A PRÉ-IMIGRAÇÃO
Apesar de receber japoneses durante o final do século XIX e nos anos iniciais do século XX, na condição de visitantes, somente em 1906 chegou ao Brasil um grupo significativo disposto a estabelecer uma colônia.
Liderados por Saburo Kumabe, o grupo situou-se em 1907 na fazenda Santo Antônio, no atual município de Conceição de Macabu (então distrito de Macaé), no estado do Rio de Janeiro. A colônia durou cinco anos, fracassando por razões diversas. Além da falta de investimentos, epidemias e saúvas, o principal problema foi que se tratava de um grupo heterogêneo de pessoas - advogado, professores, funcionários públicos - sem agricultores com experiência em cultivar a terra.
A IMIGRAÇÃO
Os primeiros imigrantes japoneses chegaram ao Brasil em 1908. A grande maioria dos imigrantes japoneses pretendia fazer fortuna para depois retornar ao Japão.
O Kasato Maru é considerado pela historiografia oficial como o primeiro navio a aportar no Brasil com imigrantes japoneses. A viagem de 52 dias começou no porto de Kobe e terminou no Porto de Santos em 18 de Junho de 1908. Vieram 165 famílias (781 pessoas) que foram trabalhar nos cafezais do oeste paulista.
O recebimento não foi especialmente caloroso. Apenas um jornalista elogiou os imigrantes dizendo que eles eram "limpos", coisa não muito comum entre os europeus naquela época. A revista carioca "O Malho" em sua edição de 5 de dezembro de 1908 publicou uma charge de imigrantes japoneses com a seguinte legenda: "O governo de São Paulo é teimoso. Após o insucesso da primeira imigração japonesa, contratou 3.000 amarelos. Teima pois em dotar o Brasil com uma raça diametralmente oposta à nossa".
O contrato previa que a estada dos imigrantes nas fazendas deveria ser de cinco anos, porém as más condições fizeram com que a maioria saísse das fazendas no mesmo ano.
Somente em 28 de junho de 1910, chegou a Santos outro navio, o Ryojun Maru, trazendo mais 906 imigrantes japoneses.
Com o fim da Primeira Guerra Mundial, o fluxo de imigrantes japoneses para o Brasil cresceu enormemente e a imigração de japoneses continuou em ascensão. Em 1914, quando o governo de São Paulo interrompeu a contratação de imigrantes, a população japonesa no Brasil era estimada em apenas 10 mil pessoas. Até 1915, chegaram no Brasil mais 3.434 famílias (14.983 pessoas) de imigrantes japoneses.
Entre 1917 e 1940, vieram 164 mil japoneses para o Brasil e o destino foi principalmente o Paraná. A maior parte dos imigrantes chegou no decênio 1920-1930.
Os recém-chegados depararam-se com uma terra completamente diferente de sua pátria: língua, costumes, religião, alimentação, clima, enfim, tudo era diferente daquilo a que eles estavam acostumados.
A política de imigração da República Velha pretendia "branquear" o Brasil. Imigrantes japoneses só foram aceitos pois diminuía muito o fluxo de imigrantes italianos.
Nesse contexto, o imigrante japonês era visto com desconfiança já que possuía hábitos completamente diferentes dos brasileiros e de outros imigrantes estrangeiros. Os japoneses organizavam-se em comunidades fechadas, poucos aprendiam a língua portuguesa e evitavam contatos com os brasileiros e outras comunidades de imigrantes. Estes fatos contribuíram ainda mais para aumentar a desconfiança contra eles.
Apesar de tudo, o Brasil possuía já na década de 1930, a maior comunidade de imigrantes japoneses do mundo.
A COLÔNIA JAPONESA E A DITADURA DO ESTADO NOVO
A ditadura do Estado Novo implantado por Getúlio Vargas procurou ressaltar o nacionalismo brasileiro através da repressão à cultura dos imigrantes que formavam comunidades fechadas como os japoneses e alemães. O decreto nº 383 de 18 de abril de 1938 determinou várias proibições aos estrangeiros: não poderiam participar de atividades políticas, formar qualquer tipo de associação, falar idiomas estrangeiros em público ou usá-los para alfabetização de crianças. A transmissão de programas de rádio em idiomas estrangeiros foram proibidos. As publicações impressas (jornais, revistas) em idiomas estrangeiros foram proibidas, a não ser que fossem bilíngües, japonês-português por exemplo. Como a publicação em idioma japonês ficou muito cara, jornais e revistas deixaram de circular.
Em 1939, uma pesquisa da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, de São Paulo, mostrava que 87,7% dos nipo-brasileiros assinavam jornais em idioma japonês, um índice altíssimo de leitura no Brasil da época. O decreto nº 383 de 1938 praticamente acabou com a disseminação de informações na comunidade japonesa, pois boa parte desta sequer compreendia o idioma português.
Quando o Brasil declarou guerra ao Japão, em 1942, a chegada de novos imigrantes do Japão foi proibida, as cartas não mais chegavam, os nipo-brasileiros passaram a não poder viajar pelo território nacional ou residir em certos locais (como no litoral) sem salvo-conduto expedido por autoridade policial, e os aparelhos de rádio foram apreendidos para que não se ouvissem transmissões em ondas curtas do Japão.
Durante todo o período da Segunda Guerra Mundial, a comunidade de nipo-brasileiros ficou sem receber notícias do Japão e sem imprensa escrita ou falada que usasse o idioma japonês. A falta de informações sobre o Japão passou a ser total.
A SHINDO REINMEI
Shindo Renmei não foi a primeira nem a única organização "patriótica" criada por nipo-brasileiros. Várias outras existiram, mas nenhuma praticou atos terroristas. A maior parte delas foram organizações de auxílio mútuo da comunidade nipo-brasileira.
Alguns católicos japoneses (Keizo Ishihara, Margarida Watanabe e Massaru Takahashi) criaram, com a aprovação da Igreja Católica e das autoridades do governo, uma caixa beneficente, chamada simplificadamente de "Pia", com o objetivo de prestar ajuda aos membros pobres da colônia.
Um ex-coronel do exército japonês, Junji Kikawa, participou das atividades da "Pia". Em 1942, após um violento confronto envolvendo brasileiros e japoneses na cidade de Marília, Junji Kikawa fundou a Shindo Renmei, a "Liga do Caminho dos Súditos", em idioma japonês). Em 1944, desligou-se da entidade beneficente "Pia", pois a diretoria desta opunha-se à propaganda que ele fazia do uso da sabotagem. Junji Kikawa imprimia e distribuía panfletos que aconselhavam os agricultores nipo-brasileiros a abandonar ou destruir a produção de seda (usada na fabricação de pára-quedas) e hortelã (o mentol derivado era utilizado para tornar a nitroglicerina mais potente). Ocorreram alguns atos de destruição de criação de bicho-da-seda e de plantações de hortelã de agricultores nipo-brasileiros, porém as autoridades policiais não investigaram os fatos devidamente e o assunto foi logo esquecido.
A Shindo Renmei tinha sede na rua Paracatu, nº 96, bairro da Saúde, na cidade de São Paulo. Chegou a possuir 64 filiais nos estados de São Paulo e Paraná. Mantinha-se com doações de seus filiados.
Bombardeio atômico sobre Nagasaki
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, os integrantes da Shindo Renmei recusaram-se a acreditar nas notícias oficiais sobre a derrota do Japão. Seus objetivos então passaram a ser: punir os derrotistas, divulgar a "verdade" (que o Japão venceu ou vencia a guerra) e defender a honra do imperador.
A comunidade nipo-brasileira da época foi dividida pela Shindo Renmei em:
* Kachigumi: - os vitoristas, eram aqueles que acreditavam que a guerra continuava ou que tinha havido a vitória do Japão. Nem todos foram simpatizantes das ações da Shindo Renmei. Era constituído pelas pessoas mais pobres da comunidade e que ainda desejavam o retorno. Eram os mais numerosos.
* Makegumi: - os derrotistas, pejorativamente chamados de "corações sujos", eram os que acreditavam na derrota japonesa. Formavam o grupo mais próspero da colônia, eram melhor informados e melhor adaptados ao Brasil.
OS ASSASSINATOS RITUAIS
Matar de pronto não era uma prática comum entre os tokkotai. Antes de executar os escolhidos ocorria dentro deum ritual,onde surgiam ameaças de morte que aterrorizavam a colônia. Por meio de bilhetes ou sotoba, que eram plaquinhas de madeira pregadas nas portas das casas, cujo texto dizia: "Você tem o coração sujo, então deve ter a garganta lavada", o que significava a morte por degola por uma espada Katana. Para "morrer com honra" era dada a chance dos acusados de traição praticarem o suicídio (haraquiri). Seria utilizada por eles uma faca para cortar o ventre, onde a bandeira japonesa ficaria colocada.
Os matadores carregavam consigo uma espécie de ‘kit’, que continha a faca, a Hinomaru e mais uma carta de suicídio cívico, escrita por um calígrafo, falando da vergonha de ter pensado na derrota japonesa. Bastava o traidor assinar e cumprir o ritual. Contudo, nenhum dos traidores procurados pela Shindo Renmei aceitou cometer suicídio.
Os tokkotai entregavam-se às autoridades brasileiras logo após as execuções. Sempre explicavam que nada tinham contra o Brasil ou contra os brasileiros, e que não eram criminosos comuns, pois "matavam no estrito cumprimento do dever".
FALSIFICAÇÃO
Os kachigumi da Shindo Renmei utilizavam-se de falsificações grosseiras para consolidar entre os membros a idéia da vitória do Japão. Chegaram ao cúmulo de falsificar uma edição da revista americana Life, na qual estava publicada uma foto do gereral Douglas MacArthur que indicava ao representante japonês onde deveria assinar a rendição. Obviamente, a revista nunca havia sido publicada na língua nipônica, mas os líderes usaram a mesma foto, com o cuidado de alterar a legenda, forjando a ‘rendição americana’.
Havia também a clandestina Rádio Bastos, que transmitia noticiários totalmente fantásticos em japonês. Entre as ‘notícias’ veiculadas estavam mentiras absurdas como o suicídio de MacArthur ou a nomeação do aviador Charles Lindbergh como novo previdente americano, pela indicação do governo do Japão. Além disso, espertinhos multiplicavam-se pelo interior vendendo falsos lotes de terras na Oceania, para o novo processo de colonização após a vitória japonesa. Muitos imigrantes lotaram cidades portuárias a espera de um navio que retornaria a terra do Sol Nascente. A embarcação, é claro, nunca veio.
A RENDIÇÃO DO JAPÃO
O general Douglas MacArthur ainda foi responsável pela maior vergonha que os japoneses ao redor do mundo puderam sentir. Foi exigida do imperador Hiroíto a ‘Declaração da Condição Humana’. Com isso, no dia 1º de janeiro de 1946, ele renunciou publicamente à divindade. Ao contrário do que os japoneses acreditavam desde tempos imemoriais, ele não era descendente dos deuses. O pronunciamento ecoou às nove da manha nos alto-falantes das rádios de todo o Japão. Foi como se o chão faltasse naquele momento para os súditos.
Como o próprio Morais chegou a afirmar no caso das falsificações, ‘acreditava quem queria acreditar’. E mais de 120 mil imigrantes no Brasil acreditaram. Os membros da Shindo Renmei em pouco mais de 13 meses foram responsáveis pela morte de 23 "súditos" e deixaram cerca de 150 feridos. No mesmo período, o DOPS prendeu mais de 30 mil suspeitos e condenou 381 a penas que variavam de um a 30 anos de prisão.
TUPÃ
Em Tupã ocorreu o caso envolvendo o colono Koketsu e o cabo Edmundo, pois em uma festa da colônia o japonês asteou em um bambua HinoMaru (bandeira japonesa), o que para todos eles era um símbolo sagrado, mas o que pela legislação de guerra da época era considerado um crime grave.
Ao chegar no local,o cabo Edmundo,que era já conhecido da colônia por não gostar de orientais,deu dois golpes de cacetete nos ombros de koketsu.
Por ser um homem arrogante,pegou a bandeira,que para os japoneses é sagrada por conter o sol,a deus maior do xintoismo,e limpou as botas de bosta de vaca. Nenhum japones que estava no local aceitou tal ato.
Dias se passaram e a noticia logo correu pelas colônia japonesa e em uma noite7 homens vestidos de camisetas,uns de shorts e outros com calça arregaçada até o joelho passavam nas ruas de Tupã,portando cacetetes e katana.
Foram ate a Delegacia de Polícia com o objetivo de matar o cabo Edmundo pelo ato que havia cometido contra a bandeira japonesa.
Um soldado que estava protegendo a delegacia,impediu-os de entrar,porem depois de muita conversa,foi permitido que eles entrassem para verificar se o cabo estava lá, mas este não estava e eles foram até onde o cabo morava,de novo não encontraram ele,porem,a mulher que lá trabalhava,com medo,disse aonde ele se encontrava,na quadra de tênis.
Com suas espadas reluzentes sob a pouca luz que havia a cidade.Antes que chegassem,já era possivel ouvir o barulho das botas dos soldados do Exército indo a procura deles,pois o soldado da delegacia já havia comunicado o ocorrido. Encurralaram os 7 japoneses,e se sentindo seguro,surge o cabo Edmundo,para,como sempre,agredi-los,porém dessa vez foi diferente,antes que acontecesse de ele bater,o japones pulou para cima dele com a afiada katana,e logo em seguida,os soldados o imobilizou.Foram levados para a delegacia,e por curiosidades,todos eles tinham em seus peitos,a bandeira do Japão guerreiro,aquela usada pelo Exército japonês durante a guerra.Foram presos porem liberados mais tarde por um advogado.
OSVALDO CRUZ
O assassinato de um caminhoneiro brasileiro cometido por um outro caminhoneiro japonês, em 31 de julho de 1946, fez com que a população de Osvaldo Cruz saísse às ruas disposta a linchar todos os nipo-brasileiros que encontrasse. O tumulto foi controlado apenas com a chegada de tropas do Exército chamadas pelo médico Oswaldo Nunes.
O PRECONCEITO RACIAL, CULTURAL E RELIGIOSO CONTRA OS JAPONESES
A política de imigração brasileira era executada não só como um meio de colonizar e desenvolver o Brasil, mas também de "civilizar" e "branquear" o país com população europeia. A imigração de japoneses e chineses foi praticamente proibida em 1890. Neste ano, o decreto nº 528 assinado pelo presidente Deodoro da Fonseca e pelo ministro da Agricultura Francisco Glicério determinava que a entrada de imigrantes da África e da Ásia seria permitida apenas com autorização do Congresso Nacional. O mesmo decreto não restringia, até incentivava, a imigração de europeus. Somente em 1892, foi aprovada a lei nº 97 que permitia a entrada de imigrantes chineses e japoneses no Brasil e, assim, o decreto nº 528 de 1890 perdeu seu efeito.
O preconceito contra o recebimento de imigrantes japoneses ou chineses era muito forte. Todos asiáticos eram considerados raças inferiores que prejudicariam o "branqueamento" que ocorria no Brasil com o recebimento de imigrantes europeus. Havia também o medo do "perigo amarelo", isto é, que as grandes populações de orientais se espalhassem étnica e culturalmente pelas Américas. O medo do "perigo amarelo" tinha sido exacerbado pelo expansionismo militarista do império nipônico que, buscando conquistar terras para colonizar, derrotou a China em 1895 e a Rússia, em 1905 (a segunda derrota de um país europeu em frente a um não-europeu nos tempos modernos, a primeira sendo a Itália perante a Etiópia em 1896). Finalmente, havia o sentimento de que o imigrante japonês era um "quisto inassimilável" devido a seus costumes e religião.
As idéias racistas, a paranóia derivada da ameaça do "perigo amarelo" (a expressão é atribuída ao kaiser Guilherme 2º, da Alemanha, quando incitou os russos a guerrearem contra o Japão; mas ela ganhou força na crise da imigração japonesa nos EUA. De lá teria vindo para o Brasil) passam a tomar forma de ação ao se articular com as forças repressivas.
Com o acirramento dos sentimentos nacionalistas a partir do Estado Novo, em 1937, e com a entrada do Japão na Segunda Guerra ao atacar Pearl Harbor, em dezembro de 1941, o preconceito antinipônico deixa de atuar apenas no campo das idéias. Uma série de medidas contra os "súditos do Eixo" -alemães, italianos e japoneses- foram tomadas, e algumas delas foram particularmente doloridas para a comunidade nikkei no Brasil.
Em 25 de maio de 1945, a mais famosa dupla do jornalismo brasileiro, composta pelo repórter David Nasser e pelo fotógrafo Jean Manzon, publica, em "O Cruzeiro", uma matéria-ilustração inspirada em algo parecido feito pela americana "Time", com o objetivo de ensinar os brasileiros a distinguirem um japonês de um chinês. O japonês, segundo Nasser, entre outras coisas, é "de aspecto repulsivo, míope, insignificante".
Nas palavras do historiador Roney Cytrynowicz, em seu livro sobre o impacto da Segunda Guerra no dia-a-dia do paulistano ("Guerra sem Guerra"), "a opressão contra os imigrantes japoneses, diferente do que ocorreu com italianos e alemães em São Paulo, deixa claro que o Estado Novo moveu contra eles -a pretexto de acusação de sabotagem- uma campanha racista em larga escala".
Com o fim da Segunda Guerra, os japoneses além do já antigos preconceitos tanto racial como religioso ganharam mais estigmas, os de "fanáticos e terroristas".
A PERSEGUIÇÃO CONTRA A COLÔNIA E O DESBARATAMENTO DA SHINDO REINMEI
As estórias de assassinatos, especialmente aqueles com espada katana, espalharam o terror da Shindo Renmei dentro da comunidade nipo-brasileira. Apesar de não ter sido afetada diretamente, o resto de população brasileira reforçou seus preconceitos de que todos japoneses eram fanáticos nacionalistas.
O exército e o Departamento Estadual de Ordem Política e Social (DEOPS) realizaram operações de investigação nos estados de São Paulo e do Paraná. Segundo a polícia paulista, 31.380 nipo-brasileiros foram investigados como suspeitos de ter ligações com a organização. O DEOPS identificou criminalmente 376 nipo-brasileiros.[5] Finalmente, as lideranças da Shindo Renmei e boa parte dos tokkotais foram presos.
Cerca de 155 imigrantes japoneses tiveram sua expulsão do território nacional decretada em 1946, porém esta nunca ocorreu e o caso acabou por prescrever. Apenas 14 tokkotais cumpriram penas por assassinato.
Uma parte da população brasileira reagiu passionalmente e espancou nipo-brasileiros inocentes ou pertencentes à Shindo Renmei. Confrontos ocorreram em cidades do interior paulista onde havia grande quantidade de imigrantes japoneses, como na região de Tupã, São Paulo. Em Tupã existiu um Campo de Internamento (Concentração) para aprisionar os homens da colônia japonesa.
Mais de 200 escolas de japonês foram fechadas. A língua japonesa foi proibida de ser falada em público; para a maioria dos nipônicos no país, essa era a única forma de se comunicar.
A publicação dos jornais em japonês ficou muito cara (passou a ser obrigatória a edição bilíngüe, japonês-português), e eles deixaram de circular. Em 1939, uma pesquisa da Estrada de Ferro Noroeste, de São Paulo, mostrava que 87,7% dos japoneses assinavam jornais na sua língua materna, um índice altíssimo para os padrões do setor no Brasil.
Os bens das empresas nipônicas foram confiscados. Japoneses não podiam viajar sem salvo-conduto. Aparelhos de rádios pertencentes às famílias eram apreendidos -para que não se ouvissem transmissões em ondas curtas do Japão.
Os "súditos do imperador" estavam proibidos de dirigir veículos de sua propriedade, mesmo os comerciais -os choferes tinham que ser designados por uma autoridade policial brasileira.
Sem que houvesse indícios de que organizações político-militares ligadas às armas imperiais do Japão estivessem atuando no país (como foi o caso de núcleos do Partido Nazista entre os imigrantes alemães), civis japoneses e muitos de seus descendentes nascidos no Brasil foram tratados como prisioneiros de guerra.
Em 1942, a colônia japonesa que serviu para o cultivo da pimenta em Tomé-Açu, no Pará, foi transformada em campo de concentração (expressão da época), embora nenhuma atividade contra a "segurança nacional" por parte de seus membros tivesse sido detectada.
De Washington, o embaixador brasileiro Carlos Martins Pereira e Sousa incentivava o Brasil a adotar, a exemplo dos EUA, os "campos de internamento": áreas de confinamento para as quais foram levados, sem respaldo jurídico, mais de 120 mil nisseis (muitos já cidadãos americanos). Eles viveram nesses "campos-prisão" até o final da guerra, em condições humanas precárias.
A delação -como diz Tzvetan Todorov, a delação no Estado totalitário é um modo de colocar "o terror à disposição de todos"- contra os japoneses tornava-se popular. "Desavenças de vizinhos, dívidas não pagas e até brigas de crianças eram motivos para que os japoneses fossem delatados anonimamente às autoridades", conta Fernando Morais em "Corações Sujos".
A suspeita não tinha limites: em dezembro de 1942, o jornalista Hideo Onaga e um grupo de jovens foram presos em um piquenique na represa Eldorado, distrito de Santo André (SP), porque havia uma desconfiança de que eles estivessem construindo um submarino (!), conforme relatou à historiadora Marcia Yumi Takeuchi. Marchinhas de Carnaval ironizavam Hiroito e a "terra do micado".
os pintores japoneses do grupo Seibi (Tomoo Handa e Yoshiya Takaoka, entre outros), que se reuniam para pintar na rua e no campo, foram obrigados a entrar em reclusão e atuar clandestinamente, o que não ocorreu com o grupo Santa Helena, por exemplo, composto em sua maioria por italianos.
Em 10 de julho de 1943, sem aviso prévio,tal qual ocorreu em Antonina/PR, cerca de 10 mil "súditos do Eixo" foram obrigados a abandonar Santos em poucas horas, deixando todos os seus bens para trás, pois eles eram vistos como uma ameaça no caso de uma invasão por parte das Forças Militares japonesas e só foi permitido morar na zona litorânea os japoneses que fossem casados com nacionais brasileiros.
Em 3 de maio de 1944, o delegado-chefe do serviço de salvo-condutos, José Antonio de Oliveira, nega pedido de Miya Tekeuti, que estava em São Paulo e queria voltar a residir na Baixada Santista para ficar perto dos sete filhos, o menor deles com 12 anos.
A ladeira Conde de Sarzedas, no centro de São Paulo, foi um marco para os japoneses. O aluguel dos cômodos nos porões dos sobrados era uma bagatela, e grupos de japoneses passaram a morar nesses quartos, a partir de 1912. Ela passa a ser conhecida como a "Rua dos Japoneses", iniciando a história da Liberdade como o bairro nipônico -nasciam ali os primeiros restaurantes japoneses da capital paulista. Em 2 de fevereiro de 1942, os já numerosos nikkeis da Conde de Sarzedas e da rua dos Estudantes são acordados durante a noite por agentes do Dops; foram avisados de que teriam de abandonar a área em 12 horas. A cena se repetiria na véspera do Sete de Setembro, desta vez com os japoneses tendo dez dias para se mudarem definitivamente da região.
informações obtidas no Site da Produtora do filme e no blog
http://molinacuritiba.blogspot.com/
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